A camisa 10 no futebol é destinada ao grande craque de um
time. Mesmo na várzea, a 10 sempre fica com o cara que tem mais habilidade e
visão de jogo. Voltando um pouco no tempo, a 10 era destinada ao "cérebro
do time", aquele jogador que pensava e antevia as jogadas, fazendo o time
jogar, criando jogadas espetaculares.
No futebol moderno, dizem, que não existe mais este jogador,
o tal meia clássico, que dá cadência ao jogo e, muitas vezes, quem veste a 10 é
um ponta de lança, claro que com requisitos e status de craque.
No meu time, dizem, ainda tem esse tal meia clássico.
Um certo Paulo Henrique, vulgo Ganso, que seria capaz de
jogadas geniais, lançamentos dignos de um quarter back, que se apresenta para o
jogo e chama a responsabilidade.
Eu disse "seria capaz"... Pode ser até que ele
seja, mas ele não quer ser capaz de tais feitos.
No meu time joga um camisa 10 omisso, que não tem
regularidade, que não chuta a gol, que some do jogo como num passe de mágica e
seria capaz de não ser sequer mencionado por torcida ou crônica esportiva, não
fosse ele o camisa 10 e não fosse ele o tal Ganso.
Já faz um tempo que foram gastos os incríveis 23 milhões de
reais no craque que até aqui, para alguns, não fez valer o valor investido.
Peguei alguns números do nosso camisa 10 deste ano e o que ele
produz chega a ser ridículo quando comparado à produção de outros jogadores no
mesmo campeonato.
Por exemplo:
No campeonato Paulista deste ano Ganso fez 1 gol, foi o 7º
no time neste quesito e apenas o 86º no campeonato.
Ah, mas ele é o 10. O negócio dele é dar passe para gol.
Ok. No mesmo campeonato foram 18 assistências, somando as
que resultaram em gols e as que resultaram em finalização apenas. Olha aí o
número como melhora!!! Tolo quem acredita nisto.
Dessas 18, 3 resultaram em gols. Ele nem é o primeiro no
time neste quesito e no campeonato se olharmos apenas as assistências que
resultaram em gol ele é o 15º.
Isto tudo levando em consideração que tivemos um dos
melhores ataques da competição.
Ah, mas ninguém leva a sério o Paulistinha?
Ok. Vamos ao que interessa: Copa Libertadores 2015.
Nenhum gol marcado. Nenhuma assistência que resultou em
gol!!!!!!!!!!!!!!
E quando você olha para outros números neste torneio, que é
o mais importante para nós são paulinos, os números são piores ainda.
Nosso camisa 10 chutou 4 bolas ao gol. No time do São Paulo, 11
jogadores chutaram mais que nosso 10.
Ah, mas e os lançamentos?
Entre certos e errados, foram 11 lançamentos. No campeonato,
tem pelo menos 200 jogadores (arredondando, porcamente, para baixo) que
lançaram mais do que ele no torneio continental.
Ah, mas no ano passado ele foi bem pra caramba e ajudou
demais o time.
Concordo. 2014 me fez ficar empolgado com o camisa 10 e
vislumbrar um 2015 muito melhor.
O que quero mostrar aqui é que o craque do time vive de
lampejos superestimados pela imprensa e por nós torcedores. Ele dá um passe,
faz uma jogada genial e... Some! Não só daquele jogo, mas, muito provavelmente,
de alguns dos jogos seguintes.
Se você que lê meu descontentamento não concorda, acesse o
footstats, procure pelo nosso camisa 10 e compare os números. Reveja os principais
jogos do ano (na íntegra). E reflita sobre o assunto.
Não quero dizer que Ganso seja ruim de bola. Pelo contrário,
acho que ele tem um potencial espetacular, qualidade técnica absurda e visão de
jogo sem igual, mas ele precisa ser mais participativo e efetivo nos jogos, sem
contar, ser mais constante.
Ao Ganso, sugiro que assista algumas das diversas finais que
o São Paulo disputou entre 1991 e 1993 e veja como um autêntico camisa 10 deve
se portar em campo! Certeza que verá o tal meia clássico que faz tudo que
listei no começo deste texto e que o atual camisa 10 está muito, mas muito
longe de ser.
Mas o camisa 10 é o problema no São Paulo? Com certeza não é. Mas
devemos cobrar quem tem algo a oferecer para o time. Devemos cobrar de quem tem
qualidade pra mudar o cenário atual e elevar o patamar da equipe.
Já os que não
tem qualidade, eu não sei nem porque estão lá.
Sem mais...
Vamos São Paulo!
@mgoncalves1982
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